Bom, faz 2 meses que voltamos de férias do Brasil, em plena disparada da pandemia pelo mundo. (veja o post Viajando em Plena Epidemia)
Hoje vou contar um pouco de como têm sido estes 2 meses.
Assim como quase o mundo inteiro, o Canadá implementou uma quarentena. A coisa aqui foi bem rigorosa.
Comércio, escolas, creches, parques, empresas, tudo foi fechado. Apenas os serviços essenciais foram mantidos.
Para viajantes chegados do exterior, foi imposta uma quarentena obrigatória de 14 dias, período em que os viajantes não podem sair de casa, sob pena de multa de até 1 milhão de dólares e até 3 anos de prisão!
As fronteiras com os Estados Unidos foram (e permanecem) fechadas. Apenas caminhões de produtos podem passar de um lado para o outro.
Foram proibidos todos os eventos públicos e todo encontro entre pessoas que não morem na mesma casa. Um vizinho nosso da rua de trás convidou uns amigos na sua casa e foi denunciado. Apareceram 5 carros de polícia para acabar com o “evento” e multá-los.
Em qualquer ambiente público, é obrigatório manter-se distância de no mínimo 2 metros para outras pessoas.
Nos supermercados, além da distância obrigatória, o número de clientes dentro da loja é limitado, os clientes devem lavar as mãos antes de entrar, os carrinhos são higienizados, os corredores têm sentido único de circulação e os caixas são protegidos por paredes de acrílico.
O governo lançou uma quantidade imensa de ajudas financeiras a empresas e cidadãos em dificuldade.
Mesmo com todas essas medidas, ainda assim o Coronavírus fez estrago por aqui. Hoje, 23 de maio, o Canadá conta 82 mil casos, sendo 46 mil só no Québec, metade dos quais em Montréal.
A situação ficou realmente crítica nas residências de idosos (espécie de hospitais-asilos que tem por aqui). Uma enormidade de idosos morreram nessas residências.
No final de abril os governos provinciais começaram a planejar o relaxamento das medidas. O governo do Québec então anunciou a reabertura de creches e escolas no dia 11 de maio, exceto na região de Montréal, que seria no dia 18. Entretanto a situação em Montréal continuou ruim e mudaram a data para o dia 25. Alguns dias depois, mudaram novamente a data de reabertura das creches para o dia 1 de junho. E cancelaram a volta às aulas nas escolas neste ano letivo. Escola agora só no próximo ano letivo, que começa em setembro.
Pouco a pouco também estão aumentando a lista de serviços essenciais que podem funcionar. E a partir de agora reuniões de até 10 pessoas podem acontecer, desde que em ambientes externos e de pessoas de até 3 endereços diferentes.
Apesar da garderie (creche) abrir no dia 1 de junho, decidimos mandar nossas filhas 3 semanas depois, no dia 22. Isso porque o retorno no dia 1 será bem estranho. Os pais não poderão entrar na garderie, as cuidadoras usarão máscaras e viseira, medidas rígidas de higienização serão tomadas, etc. Será meio assustador para as crianças. Fora que a Amanda está desde o começo de fevereiro sem ir pra creche. Não será a forma mais estimulante de voltar.
Além disso, dando 3 semanas de intervalo, podemos avaliar a situação do Covid com as reaberturas.
Os estoques nos supermercados estão praticamente normais. No começo da pandemia houve uma corrida aos mercados para fazer estoque de alimentos e produtos de higiene. Hoje as coisas estão voltando ao normal.
Uma preocupação que se tinha era com relação à agricultura local. As fazendas daqui trazem trabalhadores do México e Guatemala todos os anos para trabalharem na lavoura. Com a pandemia, tinha-se o receio que não haveria gente para trabalhar na agricultura este ano. O governo estava até dando incentivos financeiros para canadenses irem trabalhar na lavoura. Mas no final das contas foi aberta uma exceção e estrangeiros que vêm para trabalhar no campo podem entrar no país. Mas como os voos comerciais estão quase inexistentes, as fazendas estão fretando aviões para trazer os camponeses!
Os hospitais não chegaram a ficar em situação crítica. Os leitos foram suficientes, mas é claro que enfermeiros e médicos tiveram que trabalhar dobrado.
Aos poucos as coisas estão melhorando. Acho que ainda um pouco longe do normal, mas pelo menos uma situação mais otimista.
Estamos agora na torcida para que o Brasil também passe por essa logo.
Vai ficar tudo bem! Ça va bien aller!
Até o próximo!